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domingo, 28 de setembro de 2014

POST 262/2014 - A CONTROVÉRSIA DO USO DOS COTONETES

19 de setembro 2014

Olá... Uma sexta-feira ainda de repouso... A gripe realmente nos deixa um pouco mais lentos e com o corpo mole, mas não temos como deixar de trabalhar por isso e assim, vamos a luta. Após o dia de trabalho e ainda tomando alguns remédios, acabei me deparando com um velho conhecido e controvertido habitué de nossa farmacinha, os cotonetes. Controvertido, pois não sou muito favorável a seu uso, enquanto que por outro lado, minha esposa usa com frequência, desta forma resolvi fazer a foto do mesmo e trazer ao Blog para falar um pouquinho deles.

Cotonetes são objetos de higiene pessoal utilizados principalmente para limpar os ouvidos do acúmulo de cera e outras aplicações estéticas. Se estéril, é utilizado também na área de saúde para recolhimento de secreções e amostras. São também conhecido como zaragatoa ou suabe. Constitui-se basicamente de uma haste flexível plástica com algodões nas duas extremidades. 

Na verdade, Cotonete® é o nome comercial de um produto da empresa Johnson & Johnson, uma haste flexível de plástico com algodões em suas pontas. O termo cotonete se tornou um ícone e por isso hoje é raro utilizar-se do termo haste flexível. O mesmo aconteceu com o produto na língua inglesa: a marca Q-Tips acabou virando nome das hastes com pontas de algodão em geral.

A haste flexível foi inventada em 1923 por um polonês naturalizado americano, chamado Leo Gersternzang. Depois de lutar pelo exército americano na Primeira Guerra Mundial, ele trabalhou para a Cruz Vermelha na Europa. Em 1922, ao retornar para os Estados Unidos, fundou uma empresa especializada na venda de artigos para bebês. Reza a lenda que, um ano depois, ao observar a esposa limpando o ouvido de sua filha com um chumaço de algodão preso a um palito de dentes, Gersternzang teve a idéia de transformar aquela improvisação em um produto comercial. 

As hastes de plástico, mais flexíveis e seguras, só foram introduzidas a partir de 1963 - inicialmente, eram de madeira. Sua utilização para limpeza do ouvido, porém, é considerada perigosa pelos médicos, pois além de empurrar a cera para uma região mais profunda, provocando dor e perda auditiva, há o risco de ferimentos, infecções e até mesmo perfuração de tímpano.

Mas para entender por que não é preciso limpar nossos ouvidos com cotonete, primeiro precisamos entender porque temos cera de ouvidos, para começar. Essa substância desagradável, conhecida em linguajar médico como cerume, existe para nos proteger. “A finalidade da cera de ouvido é manter o canal auditivo limpo”, logo, por a cera ter essa função protetora, não deve ser removida, a menos que o excesso cause perda de audição", segundo os otorrinolaringologistas. 

A cera de ouvido ajuda a afastar a poeira e sujeira de nossos tímpanos e também exerce papéis antibacterianos e de lubrificação. E, em uma das muitas maravilhas do corpo humano, nossos ouvidos se limpam sozinhos, basicamente. Quando a cera seca, cada movimento do maxilar, seja pela mastigação de alimentos ou pela conversa com amigos, ajuda a trazer a cera velha para fora pela abertura da orelha (é como se ela estivesse andando numa escada rolante, simboliza alguns).

O problema é que pensamos que somos mais inteligentes que os sistemas corporais que existem desde o raiar dos tempos. Assim, começamos a futucar em nossos ouvidos carregados de cerume. Sim, um cotonete parece uma coisa muito pequena, mas o que ele faz na realidade é empurrar a cera para mais fundo no ouvido (depois do sistema empurrá-la para fora da escada rolante), onde ela fica presa em partes que não se limpam sozinhas, dizem os médicos.

O cerume preso nessas partes também leva para dentro os fungos, bactérias e vírus acumulados no ouvido externo, potencialmente causando dor e infecções. Empurrar a cera para dentro também pode bloquear o canal auditivo, levando à perda de audição ou, se você a empurrar ainda mais fundo, à ruptura do tímpano – algo que parece ser doloroso ao extremo.

Os ouvidos só precisam realmente ser limpos, mesmo por um profissional médico, se você sentir que estão cheios ou se notar mudanças em sua audição que possam ser relacionadas a um acúmulo de cera. Mesmo o site da Q-Tips, possivelmente a marca mais comprada de cotonetes, avisa que o produto só deve ser usado “em volta do ouvido externo, sem penetrar no canal auditivo”.

Quem nunca ouviu falar sobre isso, deve estar pensando enquanto faz essa expressão de asco: não posso abrir mão de limpar os meus ouvidos. Pois saibam que estudos afirmam que quanto mais você esfrega a pele das orelhas, mais histamina é liberada, e ela, por sua vez, deixa a pele irritada e inflamada. Como o cerume é lubrificante, sua remoção deixa os ouvidos mais ressecados, o que o levará a continuar a enfiar cotonetes neles, num esforço equivocado para encontrar alívio.

Para quem não consegue deixar seus ouvidos em paz, recomenda-se um pouco de irrigação caseira. Algumas gotas em cada ouvido de uma mistura feita de uma parte de vinagre branco, uma parte de álcool cirúrgico e uma parte água da torneira na temperatura do corpo devem resolver (os médicos avisam que se a mistura estiver quente ou fria demais, pode causar tontura). Em última análise, contudo, não é bom colocar nada dentro do ouvido.

Até a próxima,
                         Amo vocês,
                                             Marcel Peixoto.
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