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sexta-feira, 18 de julho de 2014

POST 195/2014 - A PRAÇA DO PRETO VELHO


Olá... Segunda-feira pós Copa, a vida devagarzinho vai voltando ao normal e o trabalho mais que nunca urge a nossa atenção, afinal temos que recuperar o tempo "perdido" nestes dias de festa. E assim, através dos compromissos profissionais, acabei me deparando com um endereço, para mim, inusitado: A praça do Preto Velho em Campo Grande - Rio de Janeiro.

E não poderia passar por lá sem fazer a foto para ilustrar o Blog de hoje, o homenageado foi o Paizinho Quincas (ou Tio Quincas), Joaquim Manuel da Silva, um escravo de grande popularidade na região, pela sua autoridade moral e conduta. Nasceu em 1º de janeiro de 1854 e viveu por 109 anos, falecendo em 1963, cinco anos depois da inauguração do monumento.

Inaugurado em Inhoaiba durante as comemorações dos 70 anos da libertação dos escravos (13 de maio de 1958), o monumento criado por Miguel Pastor foi o primeiro de caráter religioso implantado no espaço público em reconhecimento à simbologia e imponência da religião afro-brasileira.

Inicialmente o conjunto era constituído pela estátua em bronze do Tio Quincas, ao centro da construção protegida por um lago, com repuxos luminosos e iluminação subaquática com 10 lampadas. O obelisco de 9 metros de altura, revestido em pastilha bege, possuía letras de bronze afixadas com os dizeres: 13 de maio de 1888 – 13 de maio de 1958.

Na área posterior ao obelisco, um mural de 3 metros de altura por 6 metros de largura, dividido em dois painéis registra em pastilhas amarelas, pretas e vermelhas desenhos criados pelo artista. No piso, pedras portuguesas pretas e brancas, reproduzem um Ponto de Rei Congo desenhado no terreiro de mãe Apolinário em Porto Alegre ( terra natal do escultor).

Nos anos seguintes à inauguração, sua importância cresceu e em 1983 a festa ao Preto Velho, passou a fazer parte do calendário oficial de eventos da Cidade do Rio de Janeiro, (Lei nº 476 de 14 de dezembro assinada pelo Prefeito Marcelo Alencar). Por volta dos anos 90 (Século XX), a festa no dia 13 de maio era o maior acontecimento da região, durando vários dias e contando com a participação de diversos terreiros.

Contudo, após uma tentativa de furto da estátua do Paizinho Quincas, a Administração Regional de Campo Grande optou por recolhê-la, reinstalando-a somente às vésperas dos festejos de Preto Velho, no dia 13 de maio de cada ano. O monumento sem o homenageado em exposição, perdeu sua importância e a construção passou a ser vitimada pelo vandalismo e depredações, apesar das constantes limpezas promovidas durante o ano, em especial na época das festas.

Os adeptos e defensores dos cultos afro-brasileiros junto aos fundadores da APAACABE (Associação de Proteção aos Amigos e Adeptos do Culto Afro Brasileiro e Espírita) buscaram o resgaste da festa e da história da Praça, em homenagem aos Pretos Velhos. E em 2013, a referida associação, adotou o monumento e em parceria com a Prefeitura, promoveu o cercamento e a reinstalação da estátua do Paizinho Quincas, garantindo assim sua preservação. 

Finalmente, no dia 13 de maio de 2014, após 56 anos de inaugurado o monumento, a festa em homenagem aos Pretos Velhos ocorreu com a presença definitiva da estátua do Paizinho Quincas e a recuperação de toda a construção. 

Até a próxima,
                      Amo vocês,
                                        Marcel Peixoto.



3 comentários:

Anônimo disse...

Oi sou morador de cosmos e historiador da região nas horas vagas. Você sabe por que ele foi homenageado com essa escultura e praça? Estou fazendo um estudo sobre as heranças negras e afrodescendentes da região e ficaria muito grato em saber.

Anônimo disse...

Qualquer informação favor 21 951012641. Grato.

Anônimo disse...

Boa noite, hoje lendo essa publicação, me deparo com a informação de que meu bisavô teria sido escravizado, não procede, pois, ele nunca foi escravizado.