Translate

domingo, 9 de novembro de 2014

POST 291/2014 - FEIRA LIVRE

18 de outubro de 2014

Olá... Sábado é dia de feira... Aprendi isso desde de muito pequeno quando acompanha meus pais nas compras do final de semana e como moro na mesma cidade desde de que nasci, o fato de frequentar a feira a tantos anos, faz com que eu conheça quase todos os donos de barracas, que se eternizam no negócio, passando de geração a geração.

Mas confesso à vocês que adoro essa tradição, os preços certamente não são tão vantajosos, mas além dos produtos serem fresquinhos, o prazer de rever as pessoas que se fazem presentes a tanto tempo em nossas vidas, não tem preço. Minhas barracas preferidas são a das verduras, a do peixe, a da banana, a da laranja, as das frutas, aquela do aipim, enfim... Ainda tem o famoso pastel com caldo de cana (que agora, infelizmente não estou podendo). 

Uma feira é um evento em um local público em que as pessoas, em dias e épocas predeterminados, expõem e vendem mercadorias. Não se sabe ao certo onde ou quando foi realizada a primeira feira na História. Existam fontes, entretanto, que permitem afirmar que, em 500 a.C., já se realizava essa atividade no Médio Oriente, nomeadamente na cidade-estado Fenícia de Tiro. As referências a feiras na Antiguidade e na Idade Média aparecem correlacionadas a festividades religiosas e a dias santos. Nelas se reuniam mercadores de terras distantes, trazendo os seus produtos autóctones para troca por outros. 

Na Idade Média, com a crise do feudalismo a partir de fins do século XI, a afirmação das feiras medievais indica o momento em que ressurge o comércio na Europa, desse modo, com a reabertura do Mar Mediterrâneo a partir das Cruzadas, os europeus puderam vivenciar um maior contato com o Oriente, de onde chegavam mercadorias raras e exóticas (cravo, canela, pimenta, seda, perfumes, porcelana). Registrou-se, assim, o chamado Renascimento Comercial, de vez que esses produtos começaram a ser vendidos nas feiras que surgiam nas cidades que então "renasciam". Foram chamadas de "burgos", em virtude de seus muros fortificados, e os habitantes de "burgueses", termo que posteriormente se aplicaria especificamente aos comerciantes enriquecidos com a sua prática.

O perfil do feirante no RJ é constituído pela maioria de origem portuguesa – com grau de instrução relativamente baixo – e trabalhadores braçais que imigraram do Nordeste. Porém, em municípios como Nova Friburgo e Teresópolis recentemente surgiu um novo tipo de agricultor – muitos com formação universitária – provenientes de famílias de posse, os quais foram apelidados de "os novos rurais".

Nessas regiões eles acabaram difundindo um novo modelo de pensamento rural, o qual era preocupado com o consumidor em termos de qualidade sanitária e biológica dos alimentos por eles produzidos. Dessa forma, muitos deles – com noções de Marketing e Administração – desenvolveram novos produtos para segmentos especializados e, em função disso, nasceu a Agricultura Orgânica.

No setor econômico podemos dizer que as feiras-livres são representativas, pois atualmente existem cerca de 200 feiras na cidade do RJ, empregando aproximadamente 6 mil feirantes, movimentando quase 13 mil toneladas de produtos / mês e um faturamento médio mensal de R$ 16 milhões. As feiras-livres se tornaram um importante canal de distribuição de hortifrutigranjeiros para os consumidores cariocas e, em função disso, pode-se afirmar que se trata de uma atividade economicamente relevante para a cidade e para milhares de cidadãos.

Nestes locais a palavra ainda vale mais do que o código de barras, pois no grito do feirante ou na pechincha dos consumidores as feiras-livres vão sobrevivendo ao avanço dos supermercados. Conforme relatos de alguns feirantes metade dos consumidores de uma feira-livre vêm atrás de preço e a outra metade vem à feira porque gosta de conversar. Talvez essa seja uma boa vantagem competitiva das feiras-livres em relação aos supermercados, uma vez que é impensável um funcionário de supermercado abordar e vender frutas e legumes aos gritos.

Chamar a atenção dos consumidores através do seu próprio grito, das mercadorias bem expostas, limpas e com aspecto atraentes, interesse sobre a qualidade dos seus produtos, enfatizando os benefícios que proporcionarão, o poder de gerar o desejo pelos produtos, ofertando provas, fazendo-os pegar, sentir, cheirar e apalpar os produtos e finalmente a ação da venda, faz a diferença em relação aos supermercados, podendo os feirantes, assim, estreitar cada vez mais seu relacionamento com a clientela a fim de tentar torná-la fiel.

E eu como sou fã de pessoas, sempre vou dar preferência a uma boa feira do que um excelente supermercado.

Até a próxima,
                        Amo vocês,
                                           Marcel Peixoto.

Nenhum comentário: